Política

Frequência de Reuniões entre Governo e Setor de Agrotóxicos Levanta Preocupações

Nos últimos dois anos, o governo federal brasileiro manteve uma intensa agenda de reuniões com representantes do setor de agrotóxicos. De acordo com um relatório da ONG Fiquem Sabendo, entre outubro de 2022 e agosto de 2024, ocorreram 752 encontros entre autoridades do Executivo e lobistas ou empresas do setor. Isso representa uma reunião a cada quatro horas e 48 minutos durante os dias úteis.

O relatório, intitulado “Regulamentação de agrotóxicos: o trânsito de lobistas no Executivo federal em meio à definição de novas regras”, destaca que as empresas Bayer, Basf e Syngenta estão entre as que mais se reuniram com o governo. A plataforma Agenda Transparente foi utilizada para compilar esses dados, permitindo o acompanhamento dos compromissos das autoridades.

Os meses de abril e maio de 2024 foram particularmente movimentados, com 137 reuniões registradas. Durante esse período, o Congresso Nacional derrubou oito dos 17 vetos presidenciais à Nova Lei dos Agrotóxicos, sancionada em dezembro de 2023, também conhecida como Pacote do Veneno.

Carlos Goulart, secretário da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, foi a autoridade que mais se encontrou com representantes do setor, participando de 36 reuniões com lobistas e 75 com empresas de agrotóxicos.

Entre as empresas mais ativas nas reuniões com o governo estão Bayer, Basf, Syngenta, Corteva, Sumitomo, Dow Brasil, Rhodia, Ourofino, Adama e Iharabras. Juntas, essas empresas participaram de pelo menos 205 encontros com autoridades federais.

O relatório sugere que há um desequilíbrio na influência entre lobistas do setor de agrotóxicos e a sociedade civil organizada. Essa disparidade pode impactar decisões políticas sobre o uso e regulamentação de produtos que, segundo a ciência, apresentam riscos à saúde.

A publicação do relatório levanta questões sobre a transparência e o equilíbrio de poder nas decisões governamentais relacionadas aos agrotóxicos. A sociedade civil e organizações de saúde pública continuam a monitorar e questionar a influência do setor agroquímico nas políticas públicas.

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