O estado de Minas Gerais é frequentemente apontado, em pesquisas, como o melhor destino histórico no Brasil e o melhor para quem busca contato com a natureza. Além disso, existe a fama de que ‘tudo que é feito em Minas, é mais gostoso’. O jeito de fazer a comida, os ingredientes da roça e a afetividade natural do povo geram comparações como ‘Minas Gerais é uma Itália’, onde o turista visita para se fartar com a culinária e uma infinidade de outras experiências culturais e sensoriais.

“O ‘turismo do café’ é um exemplo do que vem acontecendo em Minas. “É só conversar com os produtores da região do Alto Caparaó para saber que há pessoas que entram em um avião na França, descem no aeroporto de Confins, pegam o carro e vão até a fazenda apenas para provar o café vencedor da Semana Internacional do Café – e depois retornam a Belo Horizonte e entram no voo de volta para a Europa. Isso mostra que o trabalho da Secretaria de Agricultura deve estar integrado ao das demais, como as de Infraestrutura e Turismo”, destaca a Secretária de Agricultura de Minas Gerais, Ana Maria Soares Valentini.

Segundo ela, essa é uma das razões para os esforços no sentido de se avançar na certificação de origem, destacando a identidade das regiões em relação a seus produtos, promovendo o que é mais saboroso e famoso em cada local. É como o trabalho que destacou os queijos mineiros.

“Isso agrega muito valor à produção dos agricultores familiares. Os cafés campeões, por exemplo, são produzidos por pequenos produtores que estão aprendendo a cultivar as variedades especiais. É um processo mais artesanal, colhido a mão. E as pessoas estão aprendendo a apreciar esses cafés. Queremos ser reconhecidos não só como o estado maior produtor de café, mas como o maior produtor dos melhores cafés. É isso que irá trazer renda para o pequeno agricultor, que consegue vender o produto com um preço melhor”.

Azeites
A extensão territorial de MG e as características distintas de cada região permitem explorar novos cultivos, especialmente em áreas montanhosas. Maria da Fé, cidade na região da Serra da Mantiqueira, sul de Minas, tem uma das temperaturas mais baixas do estado e é conhecida por suas plantações de oliveiras, pela comercialização de azeitonas e azeites.

Desde 2008, quando foi realizada a primeira extração de azeite extravirgem do Brasil pela Epamig – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, vinculada à Secretaria de Agricultura – as técnicas foram aprimoradas e se expandiu o número de produtores rurais envolvidos na produção do azeite que tem qualidade comparável aos melhores do mundo.

“Trouxemos tecnologia da Espanha e hoje há mais de 200 produtores de azeite na região da Mantiqueira. Azeite, diferente do vinho, é melhor quanto mais novo ele for. Em Minas, a colheita é feita em fevereiro/março e a safra mineira é vendida imediatamente, um volume muito pequeno diante do tamanho do consumo nacional. Há um potencial enorme para crescimento”, ressalta Trazilbo José de Paula Jr., diretor de operações técnicas da Epamig destacando que o circuito das oliveiras mineiro “é um bom exemplo de como uma iniciativa da agricultura pode transformar a realidade de uma região, ativando uma extensa cadeia que vai do plantio à aquisição de máquinas, da necessidade de vidros para guardar os produtos até o turismo”.

Vinhos
A situação se repete com o cultivo de uvas e a produção de vinhos de inverno em Minas Gerais, também baseados em pesquisas feitas pela Epamig, com concentração em cidades como Andradas, Três Pontas, Caldas e Poços de Caldas, todas com vinícolas pequenas vencendo prêmios nacionais e internacionais.

“Os vinhos que eram feitos no estado não tinham muita qualidade porque o produtor fazia as podas normais e a uva era produzida no verão, quando chove muito, o que acabava gerando problemas de fungos, por exemplo. Isso mudou quando um dos nossos pesquisadores, com experiência na França, aplicou uma técnica milenar, da dupla poda. Quando a videira começa a crescer para produzir no verão, faz-se a poda ‘enganando’ a planta e, com isso, a produção é transferida para o inverno”, explica Trazilbo.

A tecnologia da Epamig na condução de videiras tem sido adotada em estados como Goiás, Bahia, Mato Grosso e São Paulo. Em Minas, há grande potencial de crescimento. “Temos condições maravilhosas nas regiões cafeeiras, com temperaturas amenas, dias ensolarados e noites frias, clima perfeito para produção de uvas com alta qualidade. A cultura pode se espalhar, inclusive, pelo Cerrado”, completa.

“Os vinhos e os azeites mineiros estão cada vez mais reconhecidos, as vitórias em concursos mostram isso, um reflexo de política pública, de muita pesquisa. A pandemia nos mostrou que, quando tudo fica difícil, a sociedade recorre à ciência e isso inclui a agricultura. A pesquisa agropecuária não pode parar porque, sem isso, a grande produção mineira poderá retroceder, já que nenhum setor sobrevive sem pesquisa. E é a partir dos resultados, que às vezes demoram, que a Emater e seu trabalho de assistência técnica e extensão rural leva as soluções aos agricultores transformando a realidade no campo”, finaliza a Secretária de Agricultura.

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