Tecnologia

Desafios e Oportunidades no Agronegócio: O Impacto da Digitalização no Setor

O agronegócio brasileiro continua sendo uma das principais forças da economia do país, contribuindo de maneira significativa para o PIB e gerando milhões de empregos. Contudo, um estudo recente revela um recuo nos investimentos em tecnologias e inovações digitais, o que pode comprometer o avanço da transformação do setor. Em meio a um cenário de transição para o Agro 5.0 e 6.0, a queda no uso de softwares de gestão no campo está gerando preocupações. O uso de sistemas digitais que auxiliam na administração de lavouras e pastos sofreu uma diminuição expressiva, com os números caindo de 38% em 2021 para apenas 20% em 2024.

A transformação digital tem sido uma bandeira importante para o agronegócio, especialmente com a introdução do conceito de Agro 5.0, onde a automação, a inteligência artificial e a Internet das Coisas (IoT) prometem melhorar a eficiência e a produtividade das atividades agropecuárias. No entanto, os dados apresentados indicam que a digitalização está desacelerando, o que levanta questões sobre os reais motivos dessa resistência por parte dos produtores. Além disso, a pesquisa mostrou que o número de agricultores que abandonaram o gerenciamento sistematizado da produção dobrou de 6% para 12% entre 2021 e 2024, o que sugere que a transformação digital no campo pode não ser uma prioridade para muitos.

A escassez de investimentos em inovação pode ter consequências de longo prazo para o agronegócio brasileiro. O uso limitado de ferramentas digitais pode afetar a competitividade do setor no mercado global, já que a eficiência e a sustentabilidade estão diretamente ligadas ao uso de tecnologias avançadas. Com a crescente pressão para atender a demandas ambientais e produtivas mais rigorosas, o Brasil precisa acelerar sua jornada digital para evitar ficar para trás em um mundo cada vez mais conectado.

A pesquisa realizada pela GS1 Brasil e pela PwC Brasil apontou que o agronegócio está aquém de outros setores quando se trata de maturidade digital. O setor apresentou o menor índice de transformação digital entre as indústrias brasileiras, com uma pontuação de apenas 3,1, inferior à média de 3,7. A resistência interna à adoção de novas tecnologias é vista como uma das principais barreiras para a digitalização no agro. A falta de estratégias robustas e o receio de mudanças estruturais nas empresas estão dificultando a implementação de inovações que poderiam aumentar a produtividade e a sustentabilidade do setor.

É importante destacar que, apesar desses desafios, o setor do agronegócio ainda está avançando em outras áreas, como a sustentabilidade. O Índice Agrotech, que mede o nível de digitalização e sustentabilidade do agro, registrou um aumento de 19% entre 2021 e 2023 no quesito ambiental. Essa evolução reflete o esforço das empresas e produtores para integrar práticas sustentáveis, que são cada vez mais exigidas pelo mercado e pelos consumidores. Isso é um reflexo da crescente conscientização sobre a importância da preservação ambiental e da redução de impactos negativos da atividade agropecuária.

A busca por tecnologias que promovam a sustentabilidade e ao mesmo tempo aumentem a eficiência produtiva continua sendo uma prioridade no setor. No entanto, o baixo investimento em digitalização pode ser um obstáculo significativo. O desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, como o uso de sistemas autônomos, sensores inteligentes e algoritmos de inteligência artificial, poderia revolucionar a forma como as lavouras e pastagens são gerenciadas, trazendo ganhos consideráveis de eficiência e redução de custos.

A transição do Agro 4.0 para o Agro 5.0 e 6.0 é vista como crucial para garantir a competitividade do Brasil no mercado internacional. No Agro 5.0, já estamos vendo o uso de robôs, sistemas autônomos de decisão e tecnologias como o aprendizado de máquina. No entanto, o Brasil ainda precisa superar a resistência à transformação digital para aproveitar todo o potencial dessas novas tecnologias. Em um mercado cada vez mais globalizado, não investir em inovação pode colocar o agronegócio brasileiro em desvantagem frente a outros países que estão mais avançados na adoção de tecnologias.

Em última análise, a digitalização é uma parte fundamental do futuro do agronegócio brasileiro. Para que o Brasil continue sendo um líder mundial em produção e exportação de produtos agrícolas, é essencial que o setor invista em inovação e tecnologia. A resistência à digitalização pode prejudicar o crescimento do setor e, a longo prazo, afetar a posição estratégica do Brasil no cenário agropecuário global. É necessário, portanto, um esforço conjunto entre o governo, as empresas e os produtores para impulsionar a transformação digital no agronegócio brasileiro e garantir um futuro sustentável e próspero para o setor.

Autor: Deivis Thaylla

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